sexta-feira, 28 de março de 2014


Passeio Noturno
 
 

O que fica pelo caminho talvez não me pertença mais. São ecos que me trazem a sensação de teus dedos longos, que beijo amorosamente, e que me dão alma e luz. Herança apaixonada que ruídos bruscos e inoportunos da noite ventam para longe, e me fazem sozinho novamente, no estado que me é peculiar e que me soa tão íntimo. Não me pertence o que de mais precioso existe, embora esse tesouro insuspeito, solitário e perdido, pareça espreitar-me em algum ponto do caminho que, hoje, como de hábito, percorro distraído, no meu passeio de todas as noites com destino certo a lugar nenhum.
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Foto © Paulo Sallorenzo

domingo, 12 de janeiro de 2014


Os olhos que espreitam

 
 
 
Os olhos que espreitam são teus. Alma do que sinto sem compreender.  Entregue, extático, observando navios no céu, assombra-me o frio de tua ausência, que dita poemas sem sentido para um amor que canta desolação e luz. Ampara-me o impacto de teu olhar surgindo inesperadamente, voo da mulher amada, o manto negro como asas cheias de estrelas, absurda e bela na escuridão. Rainha da noite mirando-me em meu abismo, cantando comigo novas canções. Beijos de mãos nervosas e cálidas que me falam de paixão e perdas. Carícias furtivas com que me invades à noite e juras amor eterno.
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Foto © Paulo Sallorenzo